A inflação está em alta — em outubro de 2024, o IPCA (índice que mede o aumento dos preços) foi de +0,56%. Isso significa que muitos produtos e serviços estão mais caros. Essa elevação ocorre porque o país cresceu mais do que o esperado e porque o real, a moeda brasileira, perdeu valor em relação ao dólar, que subiu cerca de 20% no último ano. Com o dólar mais caro, importar produtos fica mais custoso, o que impacta os preços.
Além disso, o aumento do emprego e a alta capacidade de produção das empresas também pressionam os preços. Com mais pessoas trabalhando e as empresas operando quase no limite, a demanda por produtos cresce, mas a oferta não acompanha, o que empurra os preços para cima.
Para tentar controlar essa alta de preços, o Banco Central começou a aumentar as taxas de juros, subindo 0,50% neste mês e levando a Selic para 11,25% ao ano. Quando os juros sobem, empréstimos ficam mais caros para pessoas e empresas. Isso faz com que as pessoas gastem menos, o que ajuda a desacelerar a inflação. Com juros altos, empresas de consumo (como as que vendem roupas, alimentos e eletrodomésticos) podem enfrentar dificuldades no curto prazo, pois o consumo tende a cair quando os empréstimos ficam mais caros.
A expectativa é que a Selic chegue a 13% ao ano até o final deste ciclo de alta.
Esse ajuste de juros pode trazer benefícios mais adiante, possivelmente até o final de 2025, quando o Banco Central poderá reduzir os juros se a inflação estiver controlada.
Juros mais baixos significam menos custos com dívidas para as empresas, permitindo que invistam mais, o que estimula as vendas e a geração de empregos. Mas, para que isso funcione, o governo também precisa gerenciar suas contas e evitar gastos excessivos; caso contrário, a economia pode se desestabilizar, afetando ainda mais os preços e os negócios.
Medidas estratégicas para empresas em um cenário econômico desafiador
Para enfrentar este cenário, as empresas podem adotar algumas práticas:
Focar na eficiência
Otimizar processos para aumentar a produtividade sem expandir custos. Isso inclui ajustes operacionais para fazer mais com menos.
Cortar custos com cautela
Identificar e eliminar despesas desnecessárias, priorizando cortes que não afetem a qualidade dos produtos ou serviços. Revisar custos administrativos pode fazer uma grande diferença.
Gerir estoques e cadeias de suprimentos
Manter estoques otimizados e diversificar fornecedores para evitar a falta de insumos, além de reduzir custos de armazenamento e produção.
Adotar uma gestão financeira rigorosa
Com juros altos, o crédito se torna mais caro. Por isso, controlar o endividamento, refinanciar dívidas quando possível e utilizar recursos de forma estratégica é essencial para manter a saúde financeira.
Essas medidas ajudam a criar um ambiente de maior estabilidade e resiliência, permitindo que as empresas enfrentem os desafios econômicos e se posicionem melhor para o futuro próximo.
Autor: Daniel Perdomo
Assessor de Investimentos e sócio do Trium Capital, escritório credenciado à XP Investimentos. Certified Financial Planner, CFP®.