O mês de setembro no Brasil foi marcado pela divulgação do PIB do 2º trimestre de 2024, que surpreendeu com um crescimento de 1,4%, superando a expectativa de 1,0%. Entre os destaques, estão a recuperação dos investimentos e a resiliência do consumo das famílias, impulsionados por um mercado de trabalho forte. O IPCA de setembro trouxe uma inflação de 0,44%, influenciada pelo aumento dos preços da energia residencial, com a troca de bandeira tarifária, além da pressão com os custos de habitação. O IPCA acumulou 4,42% nos últimos 12 meses.
Esse nível de atividade foi decisivo para o Copom dar início a um novo ciclo de alta dos juros, elevando a Selic em 0,25 p.p. O comitê demonstrou preocupação com a trajetória da inflação e destacou a necessidade de ajustes para que a inflação volte à meta. O Copom sinalizou que esse ciclo de aperto monetário (aumento de juros) será gradual, mas pode ganhar ritmo nas próximas reuniões – com aumentos superiores a 0,50 p.p se necessário.
Explicando o impacto da alta da Selic no mercado de crédito
O aumento da taxa Selic tem um impacto direto no mercado de crédito, tanto para consumidores quanto para empresas. A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e, quando ela sobe, os juros cobrados em empréstimos, financiamentos e outras operações de crédito também aumentam. Isso gera uma série de consequências para o mercado, como:
Custo do crédito mais alto
O principal efeito é o encarecimento do crédito. Quando a Selic sobe, instituições financeiras ajustam suas taxas de juros, o que dificulta a obtenção de crédito por parte de consumidores e empresas. Isso pode resultar em menor consumo e em um freio nos investimentos empresariais.
Redução na demanda por crédito
Com o aumento do custo dos financiamentos e empréstimos, a demanda por crédito tende a diminuir. As pessoas e as empresas tornam-se mais cautelosas em contrair dívidas, o que impacta diretamente setores que dependem do crédito, como o varejo e o imobiliário.
Inadimplência
Com o aumento dos juros, as parcelas de empréstimos e financiamentos ficam mais altas, o que pode levar ao aumento da inadimplência, especialmente para pessoas e empresas que já possuem margens apertadas de orçamento.
Autor: Daniel Perdomo
Assessor de Investimentos e sócio do Trium Capital, escritório credenciado à XP Investimentos. Certified Financial Planner, CFP®.