A economia brasileira encerrou o primeiro trimestre de 2025 com sinais mistos: embora haja uma tendência de desaceleração, a resiliência observada em diversos indicadores sugere que esse processo será gradual. O mercado de trabalho permanece como o principal pilar de sustentação da atividade econômica. Segundo o CAGED, foram criadas quase 400 mil vagas formais no primeiro bimestre, enquanto a PNAD indicou uma taxa de desocupação de 7% no período — a menor da série histórica para esse trimestre.
A manutenção do consumo tem sido favorecida por medidas recentes do governo, como a liberação de R$ 12 bilhões em saldos do FGTS, novos aportes de R$ 18 bilhões no programa Minha Casa Minha Vida e a criação do Crédito do Trabalhador.
Diante desse cenário, é possível que o PIB brasileiro cresça acima de 2% em 2025.
Por outro lado, a inflação voltou a acelerar, pressionada pela alta nos preços dos alimentos, dos serviços e pelas incertezas no cenário global. O IPCA acumulado em 12 meses atingiu 5,48% em março, com possibilidade de encerrar o ano acima de 5%. Esse ambiente impõe desafios à política monetária e pode restringir o espaço para manutenção da Selic no patamar atual, além de diminuir a probabilidade de cortes agressivos na taxa básica de juros no segundo semestre.
Nesse sentido, o balanço de riscos da economia brasileira apresenta viés altista para o crescimento, mas também resistência da inflação, sustentado por um mercado de trabalho ainda sólido e por estímulos fiscais voltados ao consumo.

Autor: Daniel Perdomo
Assessor de Investimentos e sócio do Trium Capital, escritório credenciado à XP Investimentos. Certified Financial Planner, CFP®.